quinta-feira, novembro 16, 2006

Poema de Lya Luft

Nada entendo de signos:
se digo flor é flor, se digo àgua
é água. ( Mas pode ser disfarce de um segredo.)
Se não podem sentir, não torçam
a árvore-de-coral do meu silêncio:
deixem que eu represente meu papel.

Não me queiram prender como a um inseto
no alfinete da interpretação:
se não me podem amar, me esqueçam.
Sou uma mulher sozinha num palco,
e já me pesa demais todo esse ofício.
Basta que a torturada vida das palavras
deite seu fogo ou mel na folha quieta,
num texto qualquer com o meu nome embaixo.