segunda-feira, outubro 06, 2014

Inevitável não lembrar da minha infância! Hoje fui votar. Pela primeira vez no Rio de Janeiro. Fazia tempo que não votava! rs Embora meu título tenha sido transferido em 2011 para cá, em 2012 estava em SP e acabei justificando. Em 2010 não votei, porque estava em depressão após a morte de meu irmão.
Comecei minha vida política muito jovem, acho que aos 9 meses de vida! Rs Sempre rodeada de reuniões políticas em casa, aprendi desde cedo o valor da democracia. Meu pai (Roberto Vital Anau ), a ele eu devo muito do que sou hoje. Lembro, embora muito pequena, das aflições e das lutas pelo voto direto. Lembro quando meu pai me apresentou ao Lula (minha irmã Tatiana Avila confirma a história que pensava ser uma memória construída). Quando eu era pequena ouvia falar desse herói do povo, o Lula, e dizia que ia casar com ele! Kkkk cresci e não tenho mais essa expectativa! Kkk
Hoje ao caminhar com um grande amigo pelas ruas do Flamengo e de Laranjeiras, vendo tanta gente na rua, tantos carros apinhados nas vias estreitas, os restaurantes mais cheios que as Zonas eleitorais, lembrei da minha infância com uma força tão grande!
Quando eu tinha 11 anos ou antes - não lembro qual foi a primeira eleição, mas a da Erundina eu lembro - fazíamos boca de urna com meu pai. E agradeço a ele por isso. Pois se hoje tenho poder de persuasão, devo isso a ele, a esses momentos. Meu pai fazia parte da corrente O Trabalho, do PT, que tinha muito pouco recurso para eleições. Ele nos dava um punhado de panfletos e nos explicava: tínhamos que perguntar primeiro se a pessoa já tinha candidato a vereador. Se a pessoa respondesse que sim, não podíamos dar o panfleto, pois era desperdício. Se a pessoa respondesse que não, então explicaríamos quem era nosso candidato e o porquê merecia o voto. Então, se o eleitor demonstrasse disposição em votar no candidato entregávamos o panfleto. Ao final, eu e meus irmãos cassávamos no mar de santinhos que cobria as calçadas, se havia algum de nosso candidato. Se encontrávamos algum, ficávamos frustrados, pois não havíamos explicado direito! Lembro a primeira vez que uma senhora disse que votaria na candidata que para quem estava fazendo campanha, lembro da sensação, da alegria, da satisfação. É a mesma satisfação que tenho hoje quando conquisto algo depois de uma grande luta. Mas foi lá que aprendi! Aprendi também a perder, pois nunca elegemos um candidato! Kkkk Mas a frase de meu pai ficou para sempre em minha vida: “A paciência é revolucionária!”. Sim, eu acredito.
Ontem assisti ao belo filme “O Outro Lado do Paraíso”. E o protagonista buscava pelo paraíso Evilah, e acreditava que através da política ia conseguir. A busca por aquele sonho lhe conferia uma dignidade! Um brilho nos olhos. O Eduardo Moscóvis fez muito bem. É aquela dignidade que não podemos perder. A de buscar um sonho.
Aprendi muitas coisas com meus pais. Minha mãe (Edna) nos ensinou a dividir. Éramos três irmãos. Então sempre tínhamos que dividir tudo em três. Ao cúmulo de uma vez dividir um Sonho de Valsa em três pedaços. Mas era extremamente saboroso saber que os meus irmãos também estavam provando daquela felicidade que eu podia provar. Aprendi ali, que o coletivo é tão (ou mais) importante que o individual.
Hoje sou mais feliz se as pessoas que amo estão felizes. Trabalho para que aqueles que estão ao meu redor possam ser felizes também. Não quero ser feliz sozinha enclausurada num castelo construído com a solidão.
Ontem, ao assistir o filme, percebi que tenho deixado meus sonhos para trás. Tenho sonhado o sonho dos outros. Preciso voltar os olhos pra mim mesma. Deixei a política de lado, a arte, o futebol (o meu Corinthians que tanto amei!) Tenho me deixado de lado. Hoje caminhando pela Senador Vergueiro, lembrei das caminhadas com meu irmão, que nunca se deixou levar pelos sonhos alheios. A dignidade com a qual ele lutava pelos sonhos dele me fazia admira-lo. Pena que não teve forças para seguir a diante.
Hoje muitas bandeiras se levantaram por partidos, por candidatos. Hoje eu consegui perceber que tinha guardado a minha bandeira em casa e há tempos esquecido dela.
Sim, eu vou em busca de Eviláh. Seja lá onde for!
PS Na minha Biblia, a tradução chama a terra de Eviláh de Havillá! O paraíso somos nós!